Páginas de 25 à 31
Anteriormente:
– Não, ele terminou ontem com a namorada. E terminou porque estava a fim de uma outra garota. Eu não tenho chances.
– Eu acho que vocês vão namorar. – disse o chefe pensativo.
– O Henrique disse a mesma coisa.
– Ele pensa igualzinho a mim.
– Parece pai e filho. Vocês têm até a aparência igual. –disse para ele distraidamente.
Parte V
– É impressão sua. – afirmou.
– Pode até ser.
E foi aí que o meu C.A.tocou…
– Licença chefe, eu tenho que atender.
– Claro. Eu também tenho que ir. Estou atrasado para uma reunião. A gente se vê Rouxinol?
– Claro que sim.
E saí da sala, enquanto atendia eu ia em direção à sala de treinamento.
– Alô!
– Alô! Oi gata.
– Quem está falando?
– Não me reconhece mais?
– Eu te conheço? – perguntei sem entender.
– Claro que sim, não se lembra de mim? Eu já namorei você. – disse a voz.
– Eu nunca namorei.
– Já quase namoramos. – disse a voz no C.A.
– Quem está falando? E como você sabe o número do meu celular?
– Eu já trabalhei com você Tati.
Então nessa hora eu já estava do lado do Henrique e do Fábio.
– Quem é que está falando?
– Adivinha Rouxinol. – disse a voz parecendo se divertir com a situação.
– Quem é Tati? –perguntou o Henrique.
– Espera um minuto. –disse para quem estava na linha.
– Por você eu espero quantos minutos você quiser. –disse a voz.
– Henrique eu não sei quem é. A pessoa fala que me conhece, que trabalhou comigo, que estávamos quase namorando…
– Tati você tem certeza que não conhece? – perguntou o Henrique.
– Tenho sim.
– Fábio me empresta o seu C.A.?
– Toma. Mas para quê? – perguntou Fábio.
– Depois eu explico. Tati fala com a pessoa.
– Pronto. quem é você?
– Eu sou a pessoa que te ama. Eu lembro de cada detalhe do seu rosto. E você não lembra da minha voz? – perguntou a voz parecendo chateada.
– Eu acho que sei quem é. Mas é impossível.
– Por quê? – perguntou a voz.
– Porque eu prendi essa pessoa.
– É, mas agora eu estou nas ruas.
– Como assim?
– Sou eu o Otávio. – respondeu a voz no C.A.
– Não pode ser. – respondi surpresa.
– Eu fugi da cadeia junto com o Charles, mas como eu já fui agente, consegui enganar os policiais fácil, fáceis. Fui eu quem disse onde o Charles estava para você prender ele. E, aliás, você está linda como sempre.
– E você provavelmente está pior do que de costume. – respondi irritada.
E desliguei.
– Por que você desligou Tati? – perguntou Henrique
– Não agüento ouvir a voz dele.
– Quem era Tati? –perguntou Fábio ansioso.
– Uma pessoa que você nunca queira encontrar. –respondi.
– Então o Otávio fugiu da cadeia. –disse Henrique pensativo.
– Temos que ver isso direito. –respondi.
– Dá para vocês me explicarem quem é Otávio?
– Otávio é um besta quê… – comecei a frase, mas não terminei.
– Deixa que eu explique Tati, você está muito nervosa, vamos para a sua sala. – respondeu o Henrique.
No caminho Henrique começa a falar quem é Otávio.
– Otávio é um ex-agente. Ele era parceiro da Tati antes do Gabriel, mas como os dois eram apaixonados pela Tati e ela só gostava do Gabriel o Otávio quis se vingar. E aconteceu aquela tragédia.
– Qual? A que a Tati pensa que matou ele? – perguntou Fábio.
– É. O Gabriel foi proteger a Tati. E ele acabou morrendo. Mas o que ele não sabia era que a Tati estava com um colete a prova de balas, mas o Gabriel não estava.
– Então ele se jogou na frente da Tati para que a bala não a atingisse, então ele morreu? – deduziu Fábio.
– É. E quando a Tati prendeu o Otávio ele falou que voltava para não deixar a Tati ficar com ninguém.
– Quero ver ele me impedir de namorar a Tati.
– Nossa você está determinado. –disse Henrique.
– Estou. –respondeu Fábio firmemente.
– Mas é melhor você dar um tempo. Ela não vai querer ter um caso com você agora, principalmente que o Otávio está solto por ai.
– Vou dar um tempo, mas não vai passar de um mês.
– Puxa isso que é amor. Só que se cuida. – preveniu Henrique
– Por quê?
– Pelo que eu a conheço, ela não vai querer, por causa do trabalho, do Otávio, porque você tem as mesmas atitudes que o Gabriel, e vários outros motivos.
– É verdade. Mas vou conseguir. – disse Fábio confiante.
– Espera pelo menos até passar o aniversário dela. Vai falar com a mãe dela, depois fala com ela.
– Você está dizendo que eu vou ter que pedir autorização para a mãe dela?
– Estou sim. – respondeu Henrique.
– Estou ferrado.
– Não muito. Ela vai fazer 15 anos, a mãe dela vai deixa – lá namorar pela primeira vez.
– É verdade ela não chegou a namorar o Gabriel.
– Não. Mas antes dele morrer ele pediu um beijo para ela. – disse Henrique triste.
– Caraíba foi o último pedido dele? – perguntou Fábio espantado.
– Foi. Só para você ter noção de como ele gostava dela.
– E ela deu?
– Deu. Mas quando ela parou de beijá-lo ele morreu.
– Nossa que final mais triste para uma pessoa.
– Ela diz que foi culpa dela a morte dele. Mas na verdade a culpa foi dele por amar muito ela.
– Nossa!
– Ela chorou durante uma semana no mínimo, por ele e depois mais uma semana por pensar que a culpa era dela. – disse Henrique muito triste.
– Caramba! Quantos anos ela tinha?
– Ela tinha 13 e ele 14.
– Mas então não faz muito tempo. – respondeu Fábio afirmando.
– Não. Por isso que ela ainda se culpa e não gosta de tocar no assunto.
– E ela ainda chora? – quis saber Fábio.
– Às vezes eu a vejo chorando, mas ela já o esqueceu. Ela só se culpa, e sente a falta dele.
– Ai! Não gosto de histórias com final triste.
– Olha, se você a vê chorando não pergunta o motivo.
– Claro.
Chegando à minha sala…
– Agora eu vou ver se era mesmo o Otávio no telefone. – disse para os dois.
E comecei a pesquisar no computador. Foi quando eu achei…
– Achei! Henrique qual o código dos prisioneiros?
– Espera aí que eu ponho.
Quando Henrique colocou o código:
– Meu Deus! O Otávio fugiu mesmo. – disse meio que desesperada.
– Calma Tati. – disse Fábio para mim.
– Você quer que eu fique calma Fábio? Como eu vou ficar calma? – gritava com ele.
– Tati você não vai cuidar dessa missão. Eu vou mudar a missão. Vou dar para outra pessoa. – disse Henrique.
– Quem disse que eu não quero essa missão? – perguntei para ele.
– Você está de cabeça quente Tati. – disse Fábio.
– Eu estou calma demais Fábio. – respondi andando de um lado para o outro.
– Eu não vou te dar nenhuma missão. – disse o Henrique decidido.
– Como não Henrique? Se você não me der eu pego por conta própria. Eu sei mexer na segurança. – respondi ainda mais decidida.
– Tudo bem. Mas só se surgir alguma missão que envolva ele. E se você não estiver fazendo mais nenhuma missão. Certo?
– Certo Henrique. Mas eu é que vou prender ele.
– Você está muito abalada Tati. Você não pode chegar perto dele. – disse Fábio entrando na conversa.
– Eu posso. Eu tenho que provar para todos que eu matei o Gabriel. – disse já chorando.
– Você não precisa provar para ninguém. Você está enganada. Ele se matou. – disse Henrique me abraçando para tentar me acalmar.
– Eu quero o Gabriel aqui do meu lado, treinando comigo, quero ele comigo, não quero ele debaixo da terra, enterrado. – disse chorando.
– Calma Tati. – repetiu Fábio pela terceira vez.
Como eu estava chorando muito o Henrique e o Fábio me levaram para o meu quarto. Fiquei deitada no colo do Fábio chorando. Até perdemos a hora da escola. O Fábio ficou tentando me fazer parar de chorar, mas o Henrique saiu da sala e foi falar com o chefe:
– Você não pode dar essa missão para ela.
– Ela tem que enfrentar isso. – respondeu o chefe.
– Eu sei o que é bom para ela. E o bom é ficar longe disso. – disse Henrique.
– Eu não sou simplesmente o chefe dela. E você sabe disso.
– Eu também não sou somente amigo, sou muito mais que isso. Convivo mais com ela do que você. – respondeu Henrique nervoso.
– Eu sou mais velho. Sei mais da vida.
– Você pode saber da vida, mas eu sei sobre a vida dela. Pai você não tem o direito disso. – respondeu Henrique cada vez mais irritado.
– Eu sou tanto o seu pai como o dela. Então eu decido o que é melhor para a minha filha. Você é simplesmente o irmão dela.
– Simplesmente irmão? Ela mesmo sem saber de nada já me chama de irmão, imagina se ela soubesse.
– Ela nunca vai saber. Ela nunca vai poder saber que eu sou o pai dela. – disse o chefe. – Não tenho certeza. –completou pensativo.
– Claro que não tem certeza. Não é você que está com ela o dia todo. Eu quero que ela saiba que é minha irmã. – disse Henrique decidido.
– Não sei. Acho que ela vai ficar com raiva de nós por não ter contado antes para ela. – disse o chefe.
– Ela vai ficar com raiva de você. Por que eu não posso contar. O meu pai não deixa.
– Henrique eu não estou querendo discutir isso com você. Eu quero que você me ajude a pensar num jeito de deixar a Tatiana bem longe do Otávio. – disse o chefe mudando de idéia.
– Tem alguma missão sobrando?
– Não. Todas as missões já estão sendo investigadas pelos outros agentes.
– Nem nas outras filiais? – perguntou Henrique.
– Não.
– Então é bom surgir uma logo. Antes que o Otávio apronte. Ou ligue para ela de novo. – disse Henrique preocupado.
– Ah, então foi ele que ligou? – perguntou o chefe.
– Foi sim. Porque a surpresa?
– Ela estava falando comigo quando o C.A. dela tocou. Então ela saiu da sala para atender.
– Você deveria ter jogado o C.A. longe. senão fosse por isso ela nunca iria saber que ele tinha fugido da cadeia. – disse Henrique nervoso.
– E como eu iria adivinhar que era ele?
– Eu sei que você monitora todas as ligações dela. Então checasse pelo número.
– Pensei que era a mãe dela.
– A minha mãe não sabe que ela trabalha na agência. – disse Henrique extremamente irritado.
– A mãe de vocês sabe que você trabalha na agência. Ela pode ter discado o número errado.
– E iria cair no C.A. da Tati. Pai, francamente, você não pensa. – disse Henrique cada vez mais irritado e preocupado.
– Olha o respeito comigo Henrique. Não é por que daqui a uma semana você fica maior de idade que vai poder falar assim comigo. – respondeu o chefe também irritado.
– Cansei. Eu é que sempre cuidei dela. Então eu vou continuar cuidando dela assim mesmo. – disse Henrique que cada vez mais estava irritado.
Quando Henrique estava saindo da sala, ele deu da cara com o Fábio que estava de boca aberta.
– Meu Deus! Foi sem quer Henrique. – disse ele ainda com a mão na maçaneta da porta.
– O que Fábio? – perguntou na esperança de não ser nada de mais.
– Eu ouvi um pouco da conversa.
– Mais um problema. – disse Henrique já de saco ceio de tudo.
– Não se preocupe. Eu não conto para a Tati.
– Você faria isso? – perguntou Henrique surpreso.
– Seu pai tem razão. Não está na hora dela saber.
– Mas ela vai ficar com raiva. Ela já vai fazer 15 anos. – disse Henrique pensativo.
– Mas agora que ela está tão frágil você quer falar isso para ela? – perguntou Fábio.
– Você tem razão. Mas e como ela está?
– Ela conseguiu dormir um pouco. Vou precisar contratar um guarda costas. – disse Henrique seriamente.
– Eu quero cuidar da Tati tanto quanto você. Mas não aconselho que alguém que ela não conhece fique andando atrás dela. – disse Fábio.
– Então que eu faço?- dizendo isso ele olhou misterioso para Fábio. – Acho que tive uma idéia. Venha comigo.
– Você está ficando louco? – perguntou Fábio.
– Não estou ela nunca vai suspeitar de você, além disso, você está mesmo precisando ficar o mais perto dela possível, você não quer conquistá-la?
– Quero, mas sendo o guarda costas dela? Eu não acho uma boa idéia. – disse o garoto.
– Vai ser bom para os dois. Vai Fábio. Você uma vez me disse que iria fazer de tudo para ajudar – disse Henrique.
– Tudo bem, mas se ela brigar comigo a culpa vai ser sua.
– Eu me responsabilizo. Agora vem aqui que eu vou colocar uns programas nesse seu chip.
– Tem certeza? Ainda dá tempo para desistir. – perguntou Fábio com esperança de o Henrique mudar de idéia.
– Eu tenho certeza. – disse o Henrique indo em direção a SM.
– Você não pode apagar nada da minha memória, ou pode?
– Infelizmente não. – respondeu Henrique.
– Você bem que queria apagar o que eu sei, mas não se preocupe eu não conto nada para ninguém.
– Vou tentar acreditar. –disse Henrique sem certeza.
– Não tente. Acredite.
– Vamos logo porque não temos tempo. A Tati vai acordar logo-logo.
Dez minutos depois:
– Pronto. Agora precisamos ver se gravou tudo direitinho. – disse Henrique.
– Vê senão esquece de desligar a máquina. Pois da outra vez a Tati descobriu que você colocou alguns programas em mim. – disse Fábio enquanto colocava a camisa.
– Tudo bem. A máquina está desligada. Agora vamos ver como você reagi. Vamos para o simulador.
– O quê? – perguntou Fábio.
– Simulador é um programa que tem na sala de treinamento. Ele forma situações.
– Acho que eu entendi.
– Vamos?
– Vamos logo. – respondeu Fábio todo animado.
Mais tarde quando eu acordei…
– Fábio, Henrique! Onde vocês estão? – eu gritava no quarto.
– Estamos aqui Tati. – respondeu Fábio.
– Aqui onde? Eu não estou vendo vocês.
– Nós estamos aqui no seu computador. – disse o Fábio.
– Ah já entendi, vocês estão no quarto do Henrique.
– É. quer que a gente vá ai? – perguntou Henrique.
– Quero. Não quero ficar sozinha. Estou meio zonza.
– Estamos indo para ai, Rouxinol. – respondeu Henrique.
Menos de dois minutos eles já estavam comigo:
– Oi tudo bem? – perguntou Fábio.
– Não. Tive muitos pesadelos.
– Então não conseguiu descansar?
– Não. Mas deu para refletir um pouco. Eu não quero um caso que envolva o Otávio. Se você quiser Fábio, você cuida dele sozinho. – respondi.
– Eu não quero. Eu só quero ficar perto de você, se você deixar eu fico muito satisfeito. – respondeu ele.
– Você quer ficar perto de mim? Claro, você está sempre perto de mim. – respondi muito surpresa.
– Eu estou falando mais perto. – disse Fábio me olhando profundamente nos olhos.
– Mais perto impossível. – respondi me afastando um pouco dele.
– Não é não. Mais perto só eu beijando a sua boca. – disse Fábio se aproximando ainda mais.
– Fábio eu acho que você comeu alguma coisa que não te fez bem. – disse para ele.
– Eu estou ótimo. Eu só estou falando que se nós fossemos namorados dava para estarmos mais próximos. – disse ele tentando concertar o que tinha falado.
– Algum dia você consegue me convencer que é mesmo louco. – respondi rindo.