Anteriormente:
– Porque você não vai pegar uma jóia para me dar de presente? – perguntei com ar de interesseira.
– Eu te dou quantas jóias você quiser. – respondeu tentando tirar meu cinto.
– Eu quero todas e tudo que você sonhou algum dia em dar para aquela agente. – respondi abraçando ele.
– Que agente? A Rouxinol? – perguntou já me afastando.
– Ela mesma. Para você encostar o dedo em mim você vai ter que esquecer ela e me dar tudo que você algum dia quis dar para ela. Eu quero e sou melhor que ela então mereço o que é dela e muito mais. – respondi fingindo estar nervosa.
Parte XXII
– Você está louca? Eu nunca vou desistir da Tatiana. Ela vai ser minha e não vai ser você que vai me impedir. – respondeu Otávio decidido.
– Então não peça mais do que uma troca de palavras para mim. Você a escolheu, então nunca mais me procure.
– Se é assim que você quer tudo bem. Mas não se arrependa. – respondeu extremamente estressado.
– Tenha certeza que não me arrependerei. – respondi tentando não demonstrar a minha felicidade em me livrar dele.
– Faça bom proveito do seu marido. Pois tenha certeza que ele vai saber que você o traiu. – respondeu saindo.
– Vamos ver. – gritei para ele no corredor já rindo da situação.
E depois que o Otávio foi embora, mais ou menos dez minutos Fábio chegou:
– Onde você estava? – perguntei nervosa para ele.
– Estava investigando. – “Sinto muito, mas não posso te falar que estava lendo o seu diário”. – pensou ele.
– E descobriu alguma coisa? – perguntei ansiosa.
– Não. Mas quando estava voltando ouvi a Solange falando que iria à sua casa hoje, só para ter certeza que era você e não o JJ. – respondeu meio preocupado.
– O que eu vou fazer agora? – perguntei.
– Não sei. Temos que dar um jeito. – respondi.
– Antes que eu esqueça. Porque o seu comunicador estava desligado? – perguntei.
– Não sei. Deve ter dado interferência. – mentiu Fábio.
– Fábio você tem certeza de que não está me escondendo nada? – perguntei meio desconfiada.
– Tenho. – “Odeio mentir para você”. – Porque trocou de roupa?
– O Otávio esteve aqui e rasgou a minha blusa. – respondi sem muita importância.
– Ele rasgou a sua blusa? – perguntou indignado. – Para quê? Por quê? – perguntou Fábio nervoso.
– Que pergunta! Para que ele iria querer tirar a minha roupa? – perguntei.
– Que bom que não passou disso. Ele não tocou em você, ou tocou? – perguntou Fábio muito sério.
– Não. Dei um jeito nele. Então o que vamos fazer? – perguntei.
– Sobre o quê? – perguntou confuso.
– A Solange. – respondi.
– Não sei. Mas vamos ter que escapar e ir à agência. – respondeu mais preocupado e pensativo.
– Mas eu não posso voltar ao normal. – respondi
– Como não? – perguntou.
– A transformação dura no mínimo dois meses. – respondi.
– Não se passou nem uma semana que estamos assim… – disse ele pensativo.
– Tem razão. Mas então eu não tenho idéia. – respondi.
– Quem sabe o Henrique tenha. – disse Fábio.
– Vamos conectar ele na internet. – respondi.
Depois de alguns minutos conseguimos.
– Fala Tati! – disse Henrique em sinal de olá.
– Oi tudo bem? – perguntei.
– Tudo ótimo. – respondeu Henrique muito feliz.
– Você está feliz ou é impressão minha? – perguntei.
– Estou sim. – respondeu.
– E porque esta felicidade? – perguntei.
– Veja você mesma. – disse mostrando alguém.
Vimos que a Thais (a namorada do Henrique) estava com o uniforme da agência.
– Ela entrou na agência quando? – perguntei com uma voz meio séria.
– Hoje. Não está feliz? – perguntou não percebendo que eu estava irritada.
– Muito. – respondi ironicamente.
– Ela não está pronta para ir para as ruas, mas pode trabalhar comigo. – respondeu sorridente.
– Entendo. – respondi menosprezando.
– Henrique antes que eu esqueça: Posso falar com você um instante? – perguntou Fábio.
– Fala.
– Quero dizer a sós. – respondeu Fábio.
– Já entendi. Beijos maninho. E Fábio pergunta para ele o que nós podemos fazer no caso da Solange.
– O que a Solange fez? – perguntou Henrique.
– Te explico depois.
– Thais você pode sair um minuto? – pediu Henrique beijando a namorada.
– Estou indo. – respondeu.
Quando todos saíram:
– Então? – perguntou Henrique curioso.
– Porque o JJ sai da agência direto e você finge que não sabe para onde ele foi? – perguntou Fábio sem rodeios.
– Do que você está falando? – perguntou Henrique meio irônico.
– Sei que você sabe onde o JJ anda. – respondeu com muita certeza.
– Como você descobriu? – perguntou Henrique vendo que Fábio não iria desistir de saber a verdade.
Fábio contou sobre o bilhete e sobre o diário.
– É. Sempre soube que a Isabela é gente boa.
– Mas então onde anda o JJ? – perguntou Fábio mais uma vez.
– Fazendo uns trabalhos que meu pai pediu.
– Que tipos de trabalhos? – perguntou Fábio.
– Ninguém me contou. Só sei que é para fazer que a Tati descubra toda a verdade e ela não fique com raiva de mim e nem dele.
– Se você souber mais alguma coisa me avisa. – respondeu Fábio.
– Pode deixar. Só uma pergunta: Porque a Isabela quer que você descubra onde está a fita da Tati e não a dela? Sendo que a fita da Tati só incrimina a Isabela?
– Boa pergunta! – disse pensativo.
– Mas o que a Tati estava falando sobre a Solange? – perguntou Henrique mudando de assunto.
– É mesmo eu tinha esquecido. É que a Solange falou que vai hoje à casa da Tati para conferir se é ela mesma ou se é o JJ.
– O que vocês pretendem fazer? – perguntou Henrique.
– Não sei. Era o que íamos te perguntar.
– Eu não tenho idéia. – respondeu Henrique.
– Pensamos em voltar a ser nós mesmos, se é que você me entende. – disse Fábio.
– Não dá. A transformação dura no mínimo dois meses.
– Foi o que a Tati falou. – disse Fábio.
– Que dia a Solange vai à casa da Tati? – perguntou Henrique.
– Ela disse que ainda hoje. – respondeu Fábio cada vez mais preocupado.
– Que encrenca. Bem… E se a Tati controlasse o JJ?
– Não sei. De qualquer jeito da para perceber que é um robô se a pessoa conhece. – respondeu Fábio.
– Então sinto muito, mas eu não tenho nenhuma idéia. – disse Henrique.
– Vou ver com a Tati. E parabéns pela sua namorada. – respondeu Fábio.
– Obrigado. Pelo menos você gostou. – respondeu tristemente.
– Porque o seu pai também não gostou dela ter entrado na agência? – perguntou.
– Não sei. Mas é que eu queria muito que a minha irmã aceitasse o meu namoro ou que pelo menos a minha namorada trabalhe comigo. – disse mais triste.
– Bem… A Tati tem os seus motivos. – respondeu.
– Deve ter.
– Quer falar com a Tati? Se quiser eu a chamo. – disse Fábio.
– Então a chame para mim…
Fábio me chamou pelo comunicador. Quando cheguei:
– O que vocês estavam conversando? – perguntei curiosa.
– Coisas de homens. – respondeu Henrique.
– Sei… – respondi desconfiada.
– Você é muito desconfiada maninha. – disse Henrique brincando.
– Às vezes eu acho que exagero. Sou desconfiada de mais, mas o que posso fazer? Sou assim. – respondi rindo.
– E eu gosto de você do jeito que você é. – disse Fábio me abraçando.
– Então como vão as coisas? – perguntou Henrique.
– Na mesma. Só que o Otávio descobriu que eu e Fábio estamos aqui na CMFC.
– E o que ele fez? – perguntou Henrique assustado.
– Nada ainda. Mas disse que vai fazer um teste para ver se nos acha. – respondi.
– Essa missão é uma encrenca. – disse Fábio.
– Concordo. É melhor nós desligarmos. quero namorar um pouco. Porque vocês não fazem o mesmo? – perguntou Henrique.
– Adorei a idéia Henrique. –disse Fábio.
– Então se divirtam. Tchau. – respondeu Henrique.
Quando guardamos o notebook começamos a conversar novamente:
– O que você estava fazendo que o comunicador desse interferência como você disse? – perguntei desconfiada.
– Já disse. Eu estava investigando. – respondeu Fábio.
– Eu acabo de terminar, quer dizer, a Carla acaba de terminar o seu ‘compromisso’ com o Otávio. – respondi.
– Graças a Deus vou ter a minha princesa só para mim de novo. – respondeu com as mãos erguidas para o teto.
– Engraçadinho. Pára de falar besteira. Mas por falar nisso… E você?
– Eu o quê? – perguntou Fábio.
– Terminou com a Bruna? – perguntei.
– Eu tinha que terminar? – perguntou ele irônico.
– Que pergunta! Mas é claro que você tem que terminar com ela. Ou você gostou de ter um caso com ela senhor Fábio queiroz? Responde logo. Gostou? – disse quase aos berros de tão nervosa que eu estava.
– Como é ciumenta. – respondeu rindo de mim.
– Não é ciúmes é princípio. Mas você não respondeu. Senão respondeu quer dizer que gostou. – disse novamente aos berros.
– Mas é claro que não gostei. Princesa você sabe que eu…
– Que você mente muito? É isso eu sei. O que mais eu preciso saber? – perguntei nervosa.
– Princesa fica… – começou Fábio.
– Não me chama de princesa. – respondi com raiva. – Se você gosta dela pode ficar com ela. – completei quase chorando.
– Calma Fábio, ela é a Tati, a sua princesinha, ela não é a Carla, calma. – falava Fábio sozinho, tentando ficar calmo para não cometer uma besteira. – Tati, minha princesinha, eu não gosto da Bruna, eu não terminei com ela porque eu não tive chances, eu não há vi esses dias, fui claro? Fica calma, eu sei que é difícil ficar aqui tendo que ser outra pessoa, mas temos que nos sair bem. Ou você quer morrer sem conhecer seu irmão? – dizendo isso ela me abraçou.
– Irmão? – perguntei sem entender e me afastando dele.
– É. Vai se você tem um irmão e não sabe?
– Que história doida. – respondi.
– Concordo. Está mais calma? – perguntava calmamente.
– Fá, eu não quero te perder. – respondi
– Você não vai me perder. – respondeu ele também triste.
– Mas um namoro não é para sempre. – respondi tristemente.
– Não precisamos pensar nisso agora.
– Eu estou com medo. Não quero mais ser agente. – respondi.
– Como assim não quer mais ser uma agente? Você não pode sair da agência.
– Por que não posso? – perguntei.
– Por quê… – “Como eu vou te explicar? Eu não posso falar que a agência é sua que um dia você vai herdar tudo àquilo”. – Por quê… Porque senão nós não teremos como namorar. – respondeu Fábio finalmente.
– Eu não tinha pensado nisso. Mas mesmo assim eu não quero continuar aqui. – respondi.
– Tati o que aconteceu quando você saiu do quarto? – perguntou ele desconfiado.
– Não aconteceu nada. – disse indo me sentar na cama.
– Tatiana! – repetiu Fábio autoritário.
– O que foi? – perguntei inocentemente.
– O que aconteceu? Você não é de ter medo de nada. – disse ele decidido.
– Já disse não aconteceu nada. Você não confia em mim? – perguntei.
– Claro que confio princesa, mas é que você está estranha. – respondeu me observando.
– Impressão tua.
– Você viu alguma coisa? – perguntou.
– Não.
– Você está mentindo. – respondeu olhando firmemente para mim.
– Não estou não. – respondi.
– Está sim. Você não olhou nos meus olhos.
– Isso não quer dizer nada. – respondi.
– Então olha nos meus olhos e diz que não aconteceu nada e que você não viu nada.
– Não aconteceu nada, eu n… N… N…
– Viu só. Você viu alguma coisa. Pode falar. – disse Fábio.
– Você vai rir. Vai me achar boba. – disse quase chorando.
– Juro que não vou rir. – me respondeu tentando fazer com que eu o olhasse nos olhos.
– Jura mesmo?
– Juro. – disse Fábio
– Eu estava andando e fui parar na sala do Otávio, comecei a mexer em tudo, ele não estava lá mesmo, então eu acabei entrando em outra sala e…
– Continua. – disse quando eu parei de falar.
-… E eu vi várias fotos na parede…
– Fotos de quem? – me interrompeu.
– Minhas, suas, do Henrique, e…
– De quem mais Tati?
– E do Gabriel. – disse tristemente.
– Só tinha fotos na sala? –perguntou ele normalmente.
– Não. No canto da sala tinham alguns manequins… – respondi.
– Os manequins estavam com roupas? – perguntou Fábio sem entender.
– Estavam. – respondi.
– Que roupas? – perguntou.
– Um uniforme da agência, todo picotado com o seu nome…
– Mais alguma roupa? – perguntou tentando não demonstrar espanto.
– Um outro manequim estava com a minha roupa de quando eu conheci o Otávio…
– Mais alguma?
– N-não.
– Tati vou perguntar mais uma vez. Tinha mais alguma roupa? – perguntou calmamente.
– O ultimo manequim tinha a roupa do… Do G-A-B-R-I-E-L do dia que ele morreu. Ainda tem a marca da bala. – e deixei escorrer uma lágrima pelo rosto. – E pensar que foi tudo culpa minha…
– Não foi culpa sua. A culpa foi do Otávio. Tinha mais alguma coisa na sala? – perguntou Fábio.
Agora eu estava com a cabeça encostada no ombro do Fábio.
– Tinha um pouco daquela droga e um caixão.
– Um caixão? De quem? – perguntou assustado.
– Estava tudo ceio de terra, e estava escrito com letras douradas: Gabriel Fernandes, com o símbolo da agência e em baixo tinha escrito em vermelho, parecia que alguém queria ter tirado cada letra, estava difícil para ler: Para sempre o meu amor será seu Tatiana Purpuse.
Não tinha problema de parentes nem amigos verem o símbolo da agência, afinal, os país dele haviam ganhado uma indenizarão e acararão por descobrir sobre a agência. E os amigos… Gabriel, assim como a maioria dos agentes, só tem grandes amigos da agencia, a maioria nem ao menos conhece alguém fora da agência.
– O que você fez Tati? – perguntou com medo da resposta.
– Eu ia abrir, mas você me chamou na hora.
Fábio pegou o note book e começou a fazer alguma pesquisa, até que ele perguntou:
– Gabriel do quê?
– Gabriel Fernandes. O que você está fazendo? – perguntei triste e curiosa ao mesmo tempo.
– Conferindo se aquilo era do Gabriel de verdade.
– Mas como? – perguntei.
– Estou puxando o histórico dele na agência.
Alguns minutos depois:
– Pronto. Agora vamos para o enterro dele. – disse Fábio.
– Eu não quero ver.
– Não precisa. Eu sento naquela cadeira ali. –disse ele apontando outra cadeira.
Ele ficou olhando para o note book por alguns minutos até que começou a falar novamente:
– Você disse que o seu nome estava de vermelho?
– É.
– O nome dele de dourado?
– É.
– Tinha alguma coisa escrita no meio do símbolo da agência?
– Pelo que eu lembre não. Mas o símbolo estava marrom e não roxo.
– Certo. Com que roupa o Gabriel foi enterrado?
– Com um terno preto. – respondi ainda triste.
– Tati que horas exatamente o Gabriel morreu?
– Não quero falar nisso. – respondi.
– Por favor. – pediu. – Eu sei que você sabe.
– As 03h48min da tarde.
– Que horas foi o enterro?
– Como foi à agência que fez tudo, o enterro foi no mesmo dia as 08h50min da noite.
– 08h50min ele estava sendo enterrado?
– Ele tinha acabado de ser enterrado. – respondi.
Alguns minutos depois…
– Meu Deus! Ai, meu Deus! – começou a dizer Fábio.
– O que foi? – perguntei.
– Tati o Otávio desenterrou o Gabriel e provavelmente o que você viu foi mesmo o caixão do Gabriel.
– Como assim? – perguntei espantada.
– Eu não sei explicar. – respondeu indignado.
– O corpo dele ainda está lá?
– Acho que não. Já deve ter se decomposto.
– Você tem certeza do que está falando? – perguntei.
– Tenho. É que eu puxei a ficha dele. Você descreveu tudo certinho, sem nenhum erro. Pensei que poderia ser uma lembrança então analisei o horário e na fita aparece alguém desenterrando um caixão exatamente onde o Gabriel foi enterrado. – respondeu Fábio.
– Você está brincando?
– Queria estar.
– Eu vou embora daqui, não quero ficar nem mais um minuto nessa agência. Vou falar com o Henrique. – respondi.
– Não precisa. – respondeu Fábio.
– Por quê?
– Eu estava falando com ele na internet, e ele me ajudou. Ele viu e deduziu o mesmo que eu.
– Fala para ele que eu quero sair daqui. – respondi já chorando.
– Não dá. Ele foi falar com seu… Ele foi falar com o pai dele.
Na hora que Fábio falou aquilo alguém bateu na porta.
– Pode entrar. – respondeu Fábio.
– Carla, Charles vocês vão ter que fazer o teste agora. – disse Otávio que estava na porta.
– Que teste?
– Se lembra que hoje cedo eu falei do teste para saber se tinha algum polícial aqui? – perguntou Otávio.
– Eu tinha me esquecido. – respondeu Fábio.
– Vamos é a vez de vocês.
Seguimos Otávio até uma sala. Quando entramos, ele começou a falar:
– Como vocês são casados, vocês fazem o teste juntos.
– E que tipo de teste vai ser? – perguntou Fábio preocupado.
– Antes de explicar o teste eu quero te falar que a sua mulher está te traindo. – disse Otávio sem rodeio.
– “Eu sei. Certo, tenho que fingir que estou zangado”. –pensou Fábio. – E com quem é? – perguntou nervoso.
– Comigo. – respondeu Otávio sorrindo maliciosamente.
– Ela não teria coragem. – respondeu Fábio sem ter o que falar.
– Pergunta para ela. – disse Otávio calmamente.
– Carla você está me traindo com esse cara? – perguntou Fábio super furioso.
– Não. – respondi confiante.