Anteriormente:
– O Otávio vai saber que você me beijou a força.
– Você não reparou que eu beijo igual a ele? – perguntou Fábio.
– Reparei, mas o que isso tem a ver comigo? – perguntei.
– Tatiana eu sou o Otávio. – disse Fábio em uma última tentativa.
– Amor, você fez uma plástica? Enganou-me direitinho. – respondi rindo.
Parte XII
– Para de falar besteira Tati. O Otávio é o Fábio e o Fábio é o Otávio.
– Você está ficando louco Henrique? –perguntei.
– Cunhadinho acho que o seu truque da água não fez bem para a Tati. –disse Fábio tentando descontrair.
– É isso. – disse Henrique de repente.
– Isso o quê? – perguntou Fábio assustado.
– Segura com força a Tati.
– Certo, mas para quê? – perguntou Fábio.
– Não faz perguntas só segura.
– Você está contra mim Henrique? – perguntei com raiva.
Dizendo isso eu consegui pegar a arma do Fábio.
– Fica quieta Tati. Eu só quero ver a sua temperatura. – disse Henrique com a mão molhada com água gelada.
– Mas a sua mão está molhada. E eu quero que você me solte agora Fábio, ou eu te mato. Ou melhor, mato os dois.
– Eu não vou soltar. – respondeu Fábio.
– Solta ela Fábio. – disse Henrique vendo a arma.
Fábio me soltou, mas sem entender o motivo. Quando ele me soltou eu peguei a minha arma e apontei uma arma para cada um dos dois.
– Agora quietos. Não quero ver vocês dando nenhum passo.
– Os dois para dentro do banheiro.
– Mas Tati… – dizia Fábio.
– Obedece ela Fábio. – disse o Henrique.
Foi quando eu me senti fraca, e cai de joelhos no chão, mas ainda com a arma apontada para os dois.
Foi quando o Henrique percebeu quê:
– Fá é a janela. – disse para ele com uma voz muito fraca.
– Você me chamou de Fá? –perguntou ele sem entender.
– Entra no banheiro e não faça perguntas. –disse nervosa. – Não me escuta, a arma está sem balas. – dizia com uma voz fraca.
– Fábio, a Tati não está totalmente sobre o efeito da droga.
– Como assim Henrique? O efeito está passando?
– Tem alguma coisa na janela. Temos que tirar ela de perto da janela.
– Mas… – começou Fábio.
– Tira ela de perto da janela. – gritou Henrique.
– Mas ela vai atirar.
– Você não ouviu? A arma não tem balas.
– Mas… – começou ele novamente.
– Tira ela de perto da janela. – repetiu Henrique.
Fábio me agarrou e me levou do lado da escrivaninha, de forma que a janela e a luz que entrava dela não chegasse em mim.
– Fá, o Otávio está me controlando com um… Com…
– Continua princesa.
– Fá,…. Me desculpa… Me… Desculpa.
E depois fiquei inconsciente.
– Henrique ela desmaiou de novo. – disse Fábio.
– Não é para trazê-la para cá, e você venha aqui me ajudar. –disse Henrique.
Quando os dois chegaram perto da janela…
– O que foi Henrique? – perguntou Fábio.
– Você está vendo esse pontinho azul? – perguntou Henrique apontando um pontinho na janela.
– Estou, mas o que tem?
– É um sensor.
– Você está dizendo que o Otávio está controlando a Tati por um sensor?
– Exatamente. Temos que tirar isso daqui e investigar.
– Mas e a Tati?
– Ela está bem. Ou pelo menos vai estar.
Depois de uma meia hora os dois voltaram…
– Você já sabe o que fazer. – disse Henrique.
– Já. Mas coitada da minha princesa.
– Fábio você viu o que está escrito no livro. Tem que ser você.
– Tudo bem, mas que fique bem claro que é contra a minha vontade. – respondeu Fábio se impondo.
– Tudo bem. Depois eu falo para a Tati.
Eu abri o olho de um jeito que dava para perceber que eu estava muito fraca.
Fábio fez um corte no delo dele, o suficiente para sair sangue, tipo como aquele exame que tem para medir a diabete… E logo em seguida cortou 3,5cm no local onde o Otávio aplicou a droga, em mim. Mesmo eu estando meio mole comecei a chorar, pois ele não podia colocar anestesia no corte, que eles tinham feito no meu braço.
Meu braço, “jorrava” sangue. Fábio fazia com que o sangue do dedo dele pingasse no meu braço, em volta do corte. Depois de dois minutos apareceu uma pontinha azul no meio do sangue. Henrique a retirou com muito cuidado, e logo depois deu dois pontos no meu braço. E em cima aplicou uma pomada. Fábio jogou duas gotas de um remédio no dedo dele para parar de sangrar. E eu escutei os dois tentando me explicar o que tinha acontecido:
– Tati o sangue do Fábio formou uma camada para que o seu sangue não saísse, ou senão você perderia muito sangue e poderia morrer. – me disse Henrique.
– Mas como o sangue dele fez uma camada protetora? – perguntei quase sem voz.
– Ele tomou um remédio. Depois de algum tempo eu consegui tirar o transmissor que tinha no seu sangue.
– E porque não deu anestesia? – perguntei.
– Não pode. Você tinha que estar acordada.
– O Fábio que teve que cortar o seu braço porque eu estava com a mão ceia de toxina e poderia te contaminar. – disse-me Henrique.
– Mas vai ficar cicatriz? –perguntei
– Não. Eu passei uma pomada para evitar isso.
– Agora princesa fica quieta. – disse-me Fábio.
– Mas Fá… – comecei.
– Quieta. Você está muito fraca.
– Mas para eu melhorar vai demorar? – perguntei
– Não vai não. – respondeu Fábio.
– Como não Fá?
– Eu usei o meu sangue justamente para que o processo seja mais rápido. Em menos de uma hora você vai estar novinha em folha.
– Mas Fá, isso é impossível. – respondi pensativa.
– Não é não. É só tecnologia avançada. Agora descansa.
Mais ou menos duas horas depois…
– Fábio vem aqui rapidinho. – pediu Henrique pelo computador.
– Onde você está?
– Na SV.
– Eu estou indo aí agora. – respondeu ele.
– Eu posso ir junto? – perguntei.
– Não princesa. Fica aqui ou a gente não vai poder ir ao cinema mais tarde.
– Mas Fá…
– Mas nada. Descansa um pouco. – disse Fábio se levantando.
– Mais do que eu já descansei?
– Você não descansou tanto assim. Nós ficamos namorando.
– Mas mesmo assim eu descansei.
– Você só descansou durante meia hora.
– Mas é o suficiente. – respondi decidida.
– Não é não. Deixa-me ver o braço.
Mostrei.
– Você mexeu muito o braço, ainda não dá para a gente sair. Você precisa descansar.
– Mas Fá… Eu não quero.
– Fica aqui que eu já volto princesa. Quando eu voltar à gente vai sair. Tudo bem?
– Tudo, mas não demora. Eu quero sair logo. – respondi empolgada.
Quando Fábio chegou na SV:
– O que foi Henrique?
– A Tati disse a verdade quando disse que o Otávio está aqui na agência. – respondeu ele.
– Então vamos pegar ele desprevenido.
– Não podemos. – respondeu Henrique.
– Por quê? – perguntou Fábio sem entender.
– Pelo que a Tati disse, juntando o que nós tínhamos, eles vão aplicar mais droga na Tati e em você também.
– Eles não podem. – respondeu Fábio.
– Eles podem sim. Mas eu já estou desenvolvendo um creme que vai segurar a droga por alguns minutos. – respondeu Henrique para Fábio.
– Mas só minutos?
– É a droga vai ficar sólida por cerca de 5 minutos. O suficiente para ser retirada do corpo.
– Certo. Mas descobriu quem está dando cobertura para o Otávio? –perguntou Fábio preocupado.
– Só descobri que é desta filial e que não está na agência nesse exato momento.
– E quantos agentes estão na rua agora?
– Só mil cento e trinta e sete (1.137).
– Você diz só? Anote o nome deles na lista de suspeitos do caso. Mas é praticamente impossível descobrir quem é. – disse Fábio pensativo.
– Eu sei. Mas não é impossível.
– Temos um traidor, e vai demorar mais de um mês para achá-lo. E o que faremos nesse tempo? Esperamos ele matar alguém? – perguntou Fábio nervoso.
– Calma Fábio. Nós vamos dar um jeito.
– Mas se a gente nunca descobrir quem é?
– Não pensa assim Fábio. – tranqüilizava-o Henrique.
– Só estou falando o que eu acho que vai acontecer.
– A gente vai ter que estar sempre com a Tati. E tentar deixar ela fora da agência. Pelo menos até arrumarmos um plano para pegar o Otávio. Vai para o cinema com a Tati agora. Dá uma volta e enrola um pouco lá.
– Tudo bem.
– E como está o braço dela? – perguntou Henrique mudando de assunto.
– Está bem, mas a cicatriz não melhorou nada.
– Temos que tirar essa cicatriz até amanhã na hora da escola. Eu quero que ela vá para a escola. Ela não pode ficar aqui. –respondeu Henrique preocupado.
– Será que a cicatriz some com uma maquiagem bem feita?
– Não some. – afirmou Henrique.
– Então vamos fazer o quê?
– Tem que fazer a Tati não mexer muito o braço. – disse Henrique.
– Você quer que eu faça algo impossível.
– A Tati mexe muito o braço?
– Muito mesmo. – respondeu Fábio.
– Temos que faze-la parar de mexer tanto o braço.
– Você acha que eu não sei? Eu até briguei com ela por causa disso.
– Você sabe de um jeito para a Tati não mexer muito o braço?
– Não lembro. – disse Henrique pensativo.
– O que podemos fazer então?
– Já sei. Você segura os braços dela, fazendo com que ela mexa menos o braço. Ou pelo menos mexa menos o braço direito.
– Não sei não. –disse Fábio.
– É melhor eu e a Tati não namorarmos por um tempo.
– É melhor, mas é mais perigoso. – respondeu Henrique.
– Não entendi a ironia. – disse Fábio.
– É que vocês vão para o cinema, vão para o shopping, sabe… É impossível a Tati não te dar um beijo se for.
– Mas o que adianta não mexer o braço enquanto a gente se beija? A Tati vai mexer o braço quando nós estivermos andando ou conversando… – perguntou Fábio.
– Vamos ter que imobilizar o braço dela. Mas não pode colocar nem gesso, e nem enfaixar.
– É no livro que vimos estava escrito que não pode senão a cicatriz não vai sumir. E o que vamos dizer para a sua mãe? Ela nem sabe que existe a agência. – respondeu Fábio.
– Saber da agência ela sabe, mas proibiu o meu pai de colocar a Tati para trabalhar aqui. – disse Henrique sem importância.
– E você? – perguntou ele.
– Ela vem me visitar às vezes, mas também é contra eu trabalhar aqui. Mas voltando ao assunto da Tati. Eu não quero falar sobre isso agora.
– Como vamos imobilizar o braço dela? – perguntou Fábio.
– Você vai ter que segurar a Tati. – respondeu Henrique.
– Em que sentido?
– Vai ter que impedir que a Tati mexa muito o braço.
– E como você pretende que eu faça isso?
– Fica de mão dada o tempo todo.
– Mas e no cinema? – perguntou Fábio.
– Segura a mão dela.
– E como ela vai comer pipoca? – perguntou Fábio.
– Ela estica o outro braço.
– Você está ficando louco. A Tati nunca vai topar isso.
– Ela não vai precisar topar. Você é que vai fazer isso sem ela saber.
– Ela vai ficar nervosa. – disse Fábio meio receoso.
– Ainda bem que eu não vou estar lá. – disse Henrique dando risada.
– Engraçadinho.
– Tem alguém entrando no quarto da Tati. – disse Henrique de repente.
– Quem é?
– Não tem identificação.
– Eu estou indo lá. – disse Fábio já correndo na direção do meu quarto.
– Eu vou junto.
Os dois saíram correndo, e quando chegaram lá no meu quarto:
– Quem é você? – perguntou Fábio.
– Não me reconhece mais amor? –perguntou Solange.
– Solange larga a Tati. – disse Fábio.
– Por que deveria? – perguntou a menina.
– Ela está doente. –disse Henrique.
– O Otávio precisa saber se o remédio faz efeito.
– Larga ela ou eu te mato. – disse Fábio muito nervoso.
– Chega perto que eu aplico mais uma dose na tonta aqui.
– Fá, sai daqui. Ela quer colocar a droga em você. –disse para ele.
– Ela é louca Tati. Mas você fica quieta Tati, por favor. Você está fraca ainda.
– Eu estou bem. Quer ver? –perguntei.
– Tati! – gritou Fábio assustado quando eu joguei a Solange na parede.
– Pronto! Viu como eu estou bem? – perguntei animada.
– Deixa eu ver o braço. – pediu ele.
Quando eu mostrei:
– Tati o seu braço está pior. Você fez força com o braço machucado, não foi? – perguntou ele um pouco preocupado.
– Claro que fiz. Eu não sei me mexer direito com o outro braço. – respondi.
– Boa sorte no shopping Fábio. – disse Henrique que assistiu a cena.
– Obrigado. Eu vou precisar. Vamos Tatiana?
– Vamos, mas você está bravo comigo? – perguntei.
– Por que você está perguntando?
– Porque você só me chama de Tatiana quando está estressado.
– Não princesa, eu não estou estressado. Só quero que você pare de mexer esse braço. Temos escola amanhã.
– O que tem a escola a ver com o braço? – perguntei sem entender.
– Você não pode aparecer com uma cicatriz dessas no braço, sem ter sofrido nenhum acidente. – disse Fábio distraidamente.