Anteriormente:
– Do que você se lembra princesa?
– A última coisa que eu me lembro é que segurei o Otávio e ele te ameaçou Fábio.
– Ainda bem que você se lembra de tudo. – respondeu Henrique.
– Por quê? Poderia ter acontecido alguma coisa comigo? – perguntei.
– Sinto lhe informar, mas você poderia ter morrido Tati. – respondeu Henrique.
Parte XI
– Você está dizendo que eu poderia ter morrido antes de ter passado pelo menos dois dias inteiros com a minha família? –perguntei intrigada.
– Sinto muito dizer isso Tati, mas é verdade. – disse Henrique.
– A Tati nunca conseguiu ficar dois dias inteiros com a família? – perguntou Fábio espantado.
– Não. Eu sempre tenho que trabalhar, então eles mandam o JJ no meu lugar quando a minha família vai viajar. Fá, você acredita que faz dois anos que eu não passo o natal com a minha mãe?
– Nossa Tati!
– Pensa que eu estou brincando? Não estou não. Tenha sorte se você conseguir deixar de trabalhar pelo menos durante 24 horas.
– Você tem razão, desde quando eu comecei a trabalhar eu não paro.
– É, antes eu tinha pique. Mas agora… – falei me olhando no espelho.
– Tati quando você melhorar você pode me treinar? – perguntou Fábio todo tímido.
– Não precisa Fá, eu vi você lutando. Você luta bem. – respondi.
– Obrigado, mas acho que posso melhorar com algumas aulas.
– Poder você pode. Mas não é necessário. – respondi.
– Eu insisto princesa.
– Já que você insiste tanto, eu posso te treinar agora mesmo. Mas antes quero que você faça um curativo descente na sua testa.
– Por quê? – perguntou Henrique.
– Isso aí está horrível. – respondi rindo.
– Tem certeza? – perguntou Fábio.
– Mais do que absoluta, vem cá. Deixa que eu faça esse curativo.
– Senhor a Tatiana vai precisar de algum tempo sem trabalhar? – perguntou Henrique para o médico.
– Não. Ela pode começar a trabalhar agora mesmo se quiser. Mas aviso que ela vai estar um pouco fraca.
– Isso não é problema, eu não vou deixá-la ir perseguir bandidos. – disse Henrique ao médico.
– Acho bom. Mas se ela quiser pode ir. Agora tenho que ir. A minha folga começa daqui a pouco, e tenho que cuidar de mais 3 agentes. Com licença. – respondeu o médico se retirando.
Então depois que eu fiz o curativo na testa de Fábio, nós fomos treinar.
Depois de meia hora:
– Tati você está bem? – perguntou Fábio.
– Estou. Porque a pergunta?
– Porque eu nunca consegui te acertar, e agora você é que não consegue me acertar.
– Você deve estar mais rápido. – respondi disfarçando.
– Ou você deve estar bem mais lenta. Bem que o médico falou que você iria ficar mais fraca. Tati tira os óculos e põe as lentes de contato. Os seus óculos estão te atrapalhando.
– Não estão não.
– Você parou três vezes por causa dos óculos. – disse Fábio tirando meus óculos.
– Tudo bem. Mas cadê as minhas lentes?
– Espera um pouco que eu vou buscar. – respondeu ele.
Nessa que o Fábio saiu eu desmaiei. E quando o Fábio voltou…
– Tati! Tati! Acorda… Henrique me ajuda a Tati desmaiou de novo.
– Mas a Tati estava bem. – disse ele indo ao encontro do Fábio.
– Acho que ficou um pouco da droga no organismo dela. – disse Fábio me levando para o meu quarto.
– Eu sei um jeito de acordar a Tati.
– Que jeito?
– É só molhar a mão com água fria e passar na testa dela.
– Tinha que ser princesa. – respondeu Fábio.
– Você fala besteira até quando a Tati está doente. – disse Henrique.
– Tem razão. Henrique dá uma folga para a Tati de pelo menos um dia.
– Por mim ela ficava um mês sem trabalhar. Mas é que ela está no meio de uma missão.
– A Tati me disse que nunca teve uma folga.
– Isso é verdade. Mas vou dar um jeito. – disse Henrique decidido.
Então Henrique usou o seu truque “da tal água fria”. Quando eu acordei:
– Esperem os dois aqui. Eu já volto.
– Aonde você vai Henrique? – perguntou Fábio.
– Vou falar com o chefe. Ele tem que dispensar a Tati.
– Mas acho que ele não vai querer. – respondi.
– Mas ele vai ter que deixar. Ele vai deixar ou eu não me chamo Henrique.
– Então vamos ver… Qual vai ser o nome do meu maninho de agora em diante…?
– Pára de fazer gracinha Tati. – respondeu Henrique.
Depois o Henrique saiu do meu quarto e vai falar com o meu chefe.
– Você vai ter que dar uma folga para a Tati, pai.
– Por quê? – perguntou o chefe com indiferença.
– Você ainda não soube que ela está doente? – perguntou Henrique surpreso.
– Ouvi falar, mas você sabe que esse povo aumenta tudo… Então…
– Você não parece ser pai dela. Nem preocupado você está. – respondeu Henrique com raiva.
– Então é verdade que o Otávio aplicou uma droga nela…?
– Claro que é verdade. O Fábio a salvou. Se o Fábio não estivesse lá a Tati tinha morrido. – respondeu Henrique irritado.
– Então eu quero falar com esse Fábio.
– Pai, Fábio é o namorado e parceiro da Tati. – respondeu Henrique.
– Então chama ele para mim filho. Eu quero agradecê-lo, mas também preciso brigar com ele. –disse o chefe confuso.
– Brigar com ele por quê? – perguntou Henrique cada vez mais surpreso.
– Porque ele não pediu a minha autorização para namorar a minha filha.
– Você se esqueceu que nem a própria Tati sabe que você é o pai dela?
– Eu preciso contar a verdade para ela. – respondeu o chefe pensativo.
– Então faça isso logo. Ela poderia ter morrido sem saber de nada.
– Filho fique calmo. Essa não é a primeira vez que a sua irmã quase morre. –disse o chefe sem demonstrar preocupação.
– E se você não der pelo menos uma folga para ela, essa vai ser a última vez que ela se salva. Ela só de treinar com o parceiro, quase que morre. – exagerou um pouco Henrique.
– Que exagero Henrique.
– Esse já é o segundo desmaio dela em menos de uma hora.
– Tudo bem, mas isso vai contra as regras da agência. – respondeu o chefe.
– Que se danem as regras. Pai escuta, ela é sua filha, ela não é igual aos outros agentes.
– Filho dê para a Tati o tempo que ela precisar, mas se o Otávio aprontar alguma a folga dela acabou. –disse o chefe sem olhar para Henrique.
– Certo então eu vou dar a folga para ela e o namorado. – disse Henrique se dirigindo à porta
– Você disse folga para ela.
– Eu sei disso. Mas eu confio no meu cunhado. Ele vai cuidar bem dela. Pelo menos melhor que você.
– Henrique você só tem 18 anos. Você não pode falar assim com o seu pai.
– Poder eu posse, mas não devo, eu dou a minha vida pela da minha irmã. Põe na sua cabeça que ela é única, e que algum dia ela não vai estar a sua disposição.
– Henrique vai cuidar da sua irmã, porque eu não quero ouvir você falando na minha cabeça. senão eu vou cometer uma besteira.
– O que você iria fazer? Me bater? Acho que não. Você está velho demais para isso. Está velho até para reparar que tem uma filha. quero ver o que você vai fazer quando ela não quiser mais falar nem trabalhar com você. – disse Henrique muito nervoso.
Foi quando ele saiu da sala.
Quando Henrique chegou ao meu quarto eu e Fábio estávamos zoando na internet.
Foi quando o Henrique disse com uma voz de quem estava nervoso:
– Vocês têm folga. Porque não vão ao cinema para namorar um pouco?
– Aconteceu alguma coisa maninho? –perguntei preocupada.
– Não Tati, mas vai acontecer. – respondeu Henrique ainda nervoso.
– Henrique posso falar com você? – perguntou Fábio.
– Claro Fábio.
– Vamos para outro lugar. Tchau princesa, daqui a pouco eu volto.
– Você não quer que eu escute a conversa, Fá? – perguntei docemente.
– É coisa de homem Tati. Não tem nada a ver com você.
– Então tudo bem. Mas vê senão demora. Eu não quero ficar sozinha. – respondi dengosa.
– Tudo bem. – respondeu Fábio saindo.
Então os dois saíram do quarto.
– O que foi Henrique? Discutiu com o seu pai? – perguntou Fábio quando os dois saíram.
– Se discuti? – perguntou com ar de ironia. – Nós quase saímos “na mão”.
– Eu posso saber por quê? –perguntou Fábio.
– Ele queria que a Tati trabalhasse mesmo estando doente.
– Você tem certeza que ele é seu pai? – brincou Fábio.
– Eu sei que não parece. Mas ele queria que a Tati trabalhasse porque ele falou que é contra as regras dar folgas para os agentes. – disse Henrique parecendo envergonhado pelo pai.
– Isso porque é pai dela. Imagina senão fosse. – disse Fábio baixo para si mesmo.
– Senão fosse, a Tati já estaria morta. – disse Henrique ainda nervoso.
– Você tem certeza que não interpretou mal?
– Ele disse que iria brigar com você só porque você não perguntou para ele se vocês podiam namorar.
– A Tati não sabe que ele é pai dela. – respondeu Fábio em sua defesa.
– Foi o que eu disse. Mas ele disse que não estava nem aí que você salvou ela. – disse Henrique sem pensar.
– Eu quero ter uma conversinha com o seu pai e… – mas eu sai na porta e o interrompi.
– Fá, maninho eu não estou passando bem.
– O que você tem princesa? – perguntou Fábio.
– Eu estou meio fraca. Não consigo me lembrar das coisas.
– Droga! Vamos Tati, vamos sentar para você me explicar o que você está sentindo. – disse Henrique.
Quando sentei:
– Então princesa o que você tem? –perguntou Fábio.
– Não sei. Eu não lembro quem é princesa. – respondi muito confusa.
– Droga Fábio! Ela pode estar com começo de amnésia. – disse Henrique preocupado.
– Tati me fala o nome da sua irmã. – disse Fábio me testando.
– Tatiana Purpuse.
– Princesa, Tatiana Purpuse é você.
– Então qual é o nome da minha irmã? – perguntei.
– Você não tem irmã. Qual o nome da sua mãe? – perguntou Henrique.
– Eu não sei.
– Ela deve estar sobre hipnose. Vamos ver… Tati qual o nome do seu namorado? –perguntou Henrique.
– Otávio. – respondi.
Fábio deixou escorrer uma lágrima em seu rosto.
– Não Tati. Seu namorado é o Fábio. – respondeu Henrique me sacudindo.
– Cadê o Fábio? – perguntei.
– Sou eu Tati. – respondeu Fábio.
Eu do nada comecei a bater na Fábio, mas ele me segurou.
– Me ajuda Henrique. O Fábio quer me matar. – gritava.
– Meu Deus! O que aconteceu com a minha princesa? – dizia Fábio inconformado.
– O Otávio de algum jeito está alterando a memória dela.
– Mas como? –perguntou Fábio.
– É o que temos que descobrir.
– Mas como? – perguntou Fábio já desesperado.
– Não sei. Vamos tentar fazer perguntas. – respondeu Henrique para Fábio.
– Posso soltar a Tati?
– Não, senão ela vai querer te matar.
– Não tem problema ela está fraca.
– Ela está fraca, mas a arma dela não está. – respondeu Henrique indicando a arma com a cabeça.
– Mas então eu vou segurar ela de outro jeito. Ela está me machucando com essas unhas. – disse Fábio.
– Tudo bem, mas não posso te ajudar.
– Eu sei senão ela não vai confiar em você.
Quando Fábio conseguiu me segurar de costas, prendendo os meus braços o Henrique começou a fazer um interrogatório.
– Tati onde o Otávio mora?
– Eu não posso dizer.
– Você não pode ou não lembra? – perguntou Henrique.
– Os dois. – respondi sem pensar.
– Quando foi à última vez que você falou com ele?
– Ontem.
– E onde vocês estavam?
– Aqui na agência.
– Em que lugar da agência?
– Na minha antiga sala.
– E vocês estavam sozinhos?
– Não. Tinha uma garota. Se eu não me engano era a minha cunhada. – respondi pensativa.
– Qual o nome dela? – perguntou Henrique.
– Acho que era Solange.
– E a Solange estava dizendo o quê?
– Estava falando que iria fazer o mesmo com o Fábio quando o encontrasse.
– O que ela faria com ele?
– Não sei.
– Mas você tem certeza que não sabe? – perguntou Henrique.
– Tenho. Mas eu só vou falar mais alguma coisa se o Fábio me soltar e eu poder ficar com a arma na cabeça dele.
– Mas é você que quer matar ele. O Otávio quer te matar e o Fábio te salvou. – disse Henrique tentando me convencer.
– Eu não acredito em uma só palavra que você disse.
– Mas você tem que acreditar em mim. –pediu Henrique
– Olha para mim princesa. – disse Fábio me virando um pouco.
– Quem te deu a liberdade de me chamar de princesa? – disse olhando para ele.
Fábio me beijou. E depois perguntou:
– Agora você se lembra?
– O Otávio vai saber que você me beijou a força.
– Você não reparou que eu beijo igual a ele? – perguntou Fábio.
– Reparei, mas o que isso tem a ver comigo? – perguntei.
– Tatiana eu sou o Otávio. – disse Fábio em uma última tentativa.
– Amor, você fez uma plástica? Enganou-me direitinho. – respondi rindo.