Anteriormente:
– Não. Acho que você está insistindo tanto que meu corpo está começando a acreditar que eu estou grávida.
– Como assim? – perguntou Fábio assustado.
– Minha menstruação está atrasada.
– Estranho. Isso nunca aconteceu antes. – disse Fábio pensativo.
– Estranho mesmo, mas a médica disse que não tem como eu estar grávida.
Parte VII
– Que pena! – disse Fábio desanimado. – Mas ela pode estar enganada. – disse ele já animado novamente.
– Acho que não. Se não logo-logo eu começaria a ter enjôos.
– É melhor você fazer um exame de sangue. – disse Fábio.
– Você não fez nada para que eu engravida- se ou fez? –perguntei desconfiada.
– Eu? Nossa! Está desconfiando de mim? Obrigado por não confiar. – disse ele tristemente.
– Desculpa, mas é que se você quisesse você poderia fazer isso que eu sei. – respondi.
– Poderia, mas não fiz. –disse Fábio.
No dia seguinte os gêmeos acordaram antes de nós e fizeram o café da manhã. Como demoramos para levantar eles foram nos chamar.
– Mãe! Pai! Levantem logo. Vocês têm que trabalhar hoje. – disse Guilherme batendo na porta.
– Já vamos filho.
– O que vocês estão fazendo que está demorando tanto? – perguntou Guilherme.
– Estamos tomando banho. – respondeu Fábio.
– Juntos? – perguntou Guilherme abismado.
– Sim. Agora pare de fazer perguntas e vá se arrumar. Já estamos indo. – disse Fábio.
Guilherme saiu fazendo uma cara de nojo e foi acabar de tomar café.
Levamos os gêmeos para a agencia. Eles estavam lindos de uniforme.
Na entrada da agencia:
– Evandro entregue e mostre os aparelhos que eles vão precisar e depois os leve ao chefe para escolherem o codinome, em seguida deixe-os na sala deles e mostre como funcionam as coisas aqui. – eu disse para Evandro e sai.
– Sim senhora. – disse Evandro.
– Para que toda essa formalidade pai? – perguntou Yasmim a Fábio.
– Aqui não sou seu pai Yasmim. Sou seu chefe. Trate-me como tal. Aqui é seu trabalho e não deve misturar as coisas. Tchau querida. Tenho que trabalhar.
Evandro entregou armas e um C.A. para os dois, mostrou o carro dos dois e o levou para a sala do Henrique.
– Oi tio. – disse Guilherme.
Ao ver a cara de desaprovação do tio logo mudou a saudação:
– Bom dia chefe!
– Bom dia. Bem vindos a CMCC. Vocês receberam os C.A.s? – perguntou Henrique.
– Recebemos. – respondeu Yasmim.
– Sabem as normas quanto ao uso dos carros?
– Sim. – respondeu Guilherme.
– Como são menores de idade vão ter um motorista. Trocaram de parceiros após três missões completadas. Entenderam?
– Entendemos. – responderam os dois.
– Como entraram com menos de 15 anos na agencia o codinome fica a critério de vocês… Caso queiram. Decidiram ou querem que a agencia escolha?
– Eu já decidi o meu. – disse Guilherme.
– E qual seria? – perguntou Henrique.
– Surfinalta. – respondeu o menino.
– De onde você tirou isso? – perguntou Henrique sem entender muito bem o nome.
– Traduzindo: Surfista internalta. Surfista da internet. Como surfista da internet é muito grande eu reduzi para Surfinalta.
– Está dentro das regras. Vou Conferir se não existe esse codinome.
Uma das regras bem claras sobre codinomes era que ele tinha que ter haver com a personalidade da pessoa.
– Tem certeza que vai querer esse mesmo? Não poderá mudar. – disse Henrique.
– Qual a opção da agencia?
– PC01. É mais curto e fácil.
– PC01? Por quê? – perguntou Guilherme.
– Computador um. É mais simples e tem tudo haver com você. – disse Henrique.
– Fiquei na dúvida.
– Pense um pouco. – disse para Guilherme. – E você Yasmim? Pensou?
– Boneca. Simples e fácil. – disse Yasmim.
– Acho que já tem esse codinome. Se não me engano na agencia da Nova Zelândia. Vou conferir.
Cerca de dois minutos depois.
– Realmente já tem está codinome. Mas se você quiser podemos modificá-lo.
– Como assim? – perguntou Yasmim.
– Podemos deixar bonequinha. Esse não tem. – disse Henrique.
– E qual a opção da agencia?
– Sabiá.
– Porque sabiá?
– Porque o codinome da sua mãe é Rouxinol. O nome de um pássaro.
– Prefiro bonequinha. – disse Yasmim decidida.
– Tudo bem. Bonequinha. Aguarde cerca de meia hora para que seu codinome seja adicionado a agencia. –disse Henrique para Yasmim. – E você Guilherme? Decidiu? – perguntou se virando para Guilherme.
– Não poderia ser só PC? – perguntou Guilherme.
– Espera ai.
Uns dois minutos depois.
– Pode. Vai ser Pc então? – perguntou Henrique.
– Vai.
– Ótimo. Aguarde meia hora para ser adicionado a agencia. Agora peço para que procurem algum robô para mostrar a sala de vocês e como ela funciona.
– Vamos ter uma sala igual a da mamãe e do papai? – perguntou Yasmim.
– Não Bonequinha. Eles são agentes especiais. Vocês teram uma sala normal. Logo veram.
Mas tarde na sala dos gêmeos…
– Nossa. Isso aqui não era o que eu esperava. – disse Guilherme.
A sala era metade da minha. Paredes brancas e móveis pretos. Apenas um computador e uma mesa pequena no centro. Uma televisão de 29’ no centro superior com vídeo e DVD. Não tinha um closet como a minha. A sala era realmente igual a dos outros agentes.
– Vou falar com a mamãe sobre isso. Merecemos uma sala maior. Somos filhos dos chefes. – disse Yasmim.
– Eles devem saber que essa é a nossa sala. Como disse eles são os chefes. Isso deve ser um tipo de teste.
– Teste para que Gui?
– Para saber se somos realmente profissionais e se merecemos trabalhar aqui. – respondeu Guilherme
– Você pode ter razão.
– A missão teste chega quando? – perguntou Guilherme.
– Acho que hoje mesmo. – disse Yasmim.
– É chamado de missão teste porque se não resolvermos somos mandados embora não é? – perguntou Guilherme.
– Isso mesmo. Por isso que eles dão mais tempo para realizá-la e é sempre uma missão fácil. – disse Yasmim.
– Tomara que chegue logo. Estou ansioso. – disse Guilherme.
– Eu também Gui. – disse Yasmim pensativa.
Os dois ficaram “investigando” a sala a manhã inteira.
Mais ou menos na hora do almoço os gêmeos receberam sua primeira missão (missão teste) pelo computador:
Missão teste
Missão: Prender Carlos Ferreira Garbial.
Crime: Assalto ao banco onde há mais ou menos 15 anos trabalhava Antônio S. Souza como chefe de segurança.
Tempo estimado: Como é uma missão teste tem no máximo um mês.
Agentes convocados: PC e Bonequinha
Locais freqüentados: antiga CMFC, sua casa, casa de Marcos Jolk Macedo, casa de Antônio S. Souza, Clube de Golfe Nalt.
Endereço do criminoso: Rua Guarani, 568 apart. 23B
Endereço de Marcos J. Macedo: Avenida Prof. Barbosa Kyato, 1265.
Endereço de Antônio S. Souza: Rua Santa Rita, 48.
Endereço do clube: Avenida Paraguaçu Norte, 1487 (entrada restrita para sócios).
Cúmplices: Não se sabe. Provável que Marcos e Antônio estejam envolvidos.
Motivo do crime: Alguns acham que pode ser para pagar uma nova cirurgia para Marcos que é paralítico, mas não se tem certeza.
Agentes que conhecem o criminoso (caso precisem de ajuda): Rouxinol, Legião, Kilon, Barbie, e policial chefe de segurança Cristofer.
Risco: Baixo. Extremamente baixo.
– Não vamos pedir ajuda. – disse Guilherme decidido. – Vamos mostrar que podemos fazer isso.
– Temos que fazer isso logo. Quanto antes melhor. Depende do tempo que vamos utilizar a nossa próxima missão ser boa ou não. – respondeu Yasmim.
A missão teste servia como o nome já diz para testar os novos agentes, de acordo com o tempo e facilidade que eles têm com a missão é estipulado à competência deles. Na verdade são três missões teste. Só se passa para a segunda se o agente se sair bem na primeira e assim sucessivamente.
– A coisa mais fácil vai ser prender o Carlos e o resto daquele povo. –disse Yasmim.
– Concordo. Conhecemos aqueles homens. Eles não são muito ágeis, mas vão tentar nos enganar. Eles são muito espertos. – concluiu Guilherme.
– Nós também somos Gui.
– Vamos atrás desse Carlos agora mesmo. Não podemos perder tempo.
– Espere temos que ver as fitas dos assaltos antes. Temos que investigar. Tudo aqui pode ser um truque.
– Que nada! – exclamou Guilherme. – Sabemos que o Carlos é um criminoso.
– Por favor, Gui. Não vamos perder mais que 10 minutos assistindo a fita.
– Tudo bem.
A fita mostrava realmente Carlos assaltando o banco, tinha mais uns 5 bandidos com ele, e Antônio estava junto esperando no carro, pelo pouco de deu para ver.
– Falei que não precisávamos ver a fita. – disse Guilherme.
– Não é? Tem certeza? – perguntou Yasmim mostrando a televisão para Guilherme.
Depois a câmera focalizou um menino que parecia não ter mais de 17 anos, que parecia muito preocupado e contente por terem assaltado o banco, mas não conseguiram ver seu rosto.
– Esse garoto parece até que sabia que iriam assaltar o banco. – disse Guilherme.
– Estranho, não é? Mas nossa missão não é essa.
– E nem pode ser um teste. Não mostra mais nada. Mas temos que colocar isso no relatório depois. Não podemos esquecer.
– Certo Gui. Vamos então para a CMCC atrás do Carlos.
– Se ele estiver lá é uma emboscada. Ele não é tão burro. Sabe que vamos atrás dele lá. – disse Guilherme pensativo.
– Não. Ele pensa que mamãe e papai vão para lá. – disse Yasmim.
– Isso não muda nada.
– Claro que sim. Eles sabem como nossos pais agem, mas não tem idéia de como nós agimos. É só fazer o contrário do que eles fariam.
Enquanto isso eu estava falando com Pâmela Suzuki em um dos corredores:
– Senhora, vou poder entrar para uma missão agora? Seus filhos não prescisam mais de mim. – disse Pâmela.
– Vou te mandar para um treinamento com o Fábio. Se ele te aprovar…
– Mas sei que posso fazer parte da CMCC. Sou uma boa agente. A senhora já disse isso.
– Pensei que fosse, mas você não conseguiu cuidar de duas crianças, quem dirá que ladrões e outros piores. –disse para ela indo à direção à sala de treinamentos.
– Claro que consegui. Eles eram uns amores. Mal saiam de casa. – disse Pâmela impaciente.
– Mais uma prova que não consegue. Meus filhos não passavam um único dia sem se meter em encrencas… Até na CMFC já estiveram, e várias vezes por sinal. – respondi.
Bati na porta e entrei na sala. Fábio estava com alguns recrutas.
– Legião eu tenho mais uma para o teste.
– Certo Rouxinol. Mas precisa ser para hoje? – perguntou Fábio olhando os recrutas pelo vidro de proteção.
Observei os recrutas por alguns instantes e finalmente falei:
– Quanto tempo eles estão em treinamento?
– Uns 3 dias.
– Dispense aquele ali. Ele não serve. Achou alguma menina para Guilherme?
– Infelizmente não. Mas você tem tanta certeza que as crianças vão se sair bem…
– Vai ver. Daqui a pouco eles aparecem ai com o Carlos. – respondi.
– Tem razão. E realmente estou perdendo tempo com esses garotos. Nenhum deles agüentaria ficar com a Yasmim mais de uma semana. – e virando para Pâmela concluiu. – Espere lá fora, sentada. Não é para fazer aquecimento nenhum. Já vou chamá-la.
– Estou de olho em você Fábio. – disse para ele quando Pâmela saiu da sala.
– Você ainda insiste que ela está querendo me seduzir? – perguntou Fábio debochando.
– Acho sim. E tenho uma idéia para o parceiro de Yasmim… Aquele amiguinho dela.
– Que amiguinho princesa? -perguntou Fábio.
– Aquele que o Guilherme não gosta. Esqueci o nome dele.
– O Costa? Vinicius Costa? – perguntou Fábio surpreso.
– Esse mesmo. – respondi.
– Sem chance. Guilherme o odeia.
– E o que tem haver o Guilherme com a Yasmim?
– Sabe como os dois são unidos. Eles vão acabar brigando muito. – respondeu Fábio.
– Tudo bem. –respondi pensativa.
– Você foi ao médico princesa?
– Fazer o que no médico? – perguntei.
– O exame. – disse Fábio.
– Sem chance. Não vou fazer exame nenhum. Não estou grávida.
– Está com fome? – perguntou Fábio mudando de assunto.
– Estou. Por quê?
– Vamos tomar um lanche?
– E os recrutas? – perguntei.
Fábio pegou o microfone e falou:
– Estão dispensados. Passem depois do almoço na minha sala para conversarmos.
– Mas falta muito para o almoço. Não são nem dez da manhã ainda. – disse um dos recrutas.
– Eu sei. E já disse estão dispensados. E você nem precisa aparecer. – disse ele para o garoto. – Vamos Tati?
– Vamos comer onde? – perguntei enquanto saiamos da sala.
– Na cantina aqui da agencia mesmo. Não estou a fim de ir lá para fora. Ao menos que você esteja com vontade de comer alguma coisa especial. – disse Fábio.
– Não. Só estou com fome.
Meia hora depois o C.A. do Fábio toca.
– Alô!
– A Tati está ai Fábio? – perguntou Henrique.
– Está. Por quê?
– Vêm aqui os dois.
– Para que Henrique?
– Vem.
– Estamos comendo. – disse Fábio.
– Você está comendo há essa hora?
– Eu não. A Tati.
– Nossa que estranho. – disse Henrique.
– Um pouco.
– Vão vir ou não?
– Já estamos indo cunhado. – disse Fábio desligando. – Ainda está com fome princesa? Henrique quer nos ver.
– Vamos. Pode ser alguma coisa com Yasmim e Guilherme.
– Então vamos.
Na sala do Henrique:
– O que aconteceu? – perguntou Fábio assim que entrou.
– Olha que lindos os meus sobrinhos trazendo o Carlos preso. – disse Henrique vendo a fita de segurança da agencia.
– Que lindos meus filhos. – disse.
– Não é para chorar Tati. – disse Fábio vendo meu olho encher de lágrimas.
– Meus meninos estão crescendo. – disse para ele toda emocionada.
– E o relatório deles Henrique?
– Já li. Não dá para saber para que Carlos queria aquele dinheiro, e tem alguma coisa estranha.
– O que? – já perguntei assustada.
– Eles relataram um menino que aparece na fita muito suspeito, mas não pode ser verdade. Uma criança não comandaria um crime desses.
– Quer que eu fale com os dois? – perguntou Fábio.
– Não será preciso. Eles estão contando tudo para o Ricardo e o Evandro na SV. Depois descobrimos o que aconteceu na CMFC.
Na SV…
– Então eu falei para o Carlos que eu era bem mais esperto que ele. – disse Guilherme.
– E eu estava escondida esperando a hora de atacar. – disse Yasmim.
– E o Carlos o que fez quando você disse isso Gui? – perguntou Evandro.
– Deu risada da minha cara. Disse que se ele engana meus pais iria acabar comigo muito facilmente. – disse Guilherme.
– E ele foi para cima de você? – perguntou Ricardo.
– Foi sim. E quando era pra Yasmim me ajudar a Yasmim escutou o Marcos chegando e foi atrás dele e recuperou o dinheiro.
– Descobriram para que era o dinheiro? – perguntou Evandro.
– Não. Mas tinha alguma coisa estranha. Antônio não estava. Ele tinha ido se encontrar com alguém e levou um pouco do dinheiro.
– E enquanto isso você estava lutando contra o Carlos? – perguntou Ricardo.
– Estava, mas foi fácil acabar com ele.
– E onde o Marcos tinha ido Yasmim?
– Boa pergunta. Só sei que o dinheiro não era para ele não. Ele tentou correr com o dinheiro, mas eu o peguei.
Mais tarde na minha sala:
– E a Pâmela?
– Dei mais um dia para ela treinar antes do teste. – respondeu Fábio chegando.
– E a nossa missão? Não estamos com muito tempo para ela. – respondi.
– Temos que ir para a Rússia. Falei com alguns agentes por lá.
– Você acha mesmo que o Otávio sobreviveu?
– Não sei. Mas e o menino misterioso que é filho da Thaís? – perguntou Fábio.
– Temos que arrumar outro jeito de descobrir. A mãe da Solange não sabe de nada. – respondi.
– É por isso que estou falando para irmos para a Rússia. Alguns agentes por lá viram alguém parecido com o que seria a Thais, e se a Thais está lá o Otávio também deve estar. – respondeu-me Fábio.
– E vamos deixar os gêmeos com quem? Com meu irmão?
– Se eles quiserem… Acho que não vamos demorar.
– Certo. E vamos quando? Depois que você for ao médico? – perguntou Fábio.
– Vamos daqui a pouco. E espero voltar hoje. É só eu falar com os gêmeos.
– Mas e o seu médico Tati? – perguntou Fábio preocupado.